(...)

O meu amor é um defunto

Que bóia leve, levemente

Sobre um charco morto e fundo

De lodo e juncos que parecem gente
Essa gente que rodeia o lago funesto

Vem assitir ao funeral do meu corpo

Sem expressão, sem um único gesto

Suspiram e fogem do olhar do morto
Sofrem por dentro a satisfação

De terem previsto com antecipação

E de terem dito:- Eu bem te avisava...

Lavando as mãos em água suja
Mas o que não sabe essa gente

Que não conheço e que mente

É que o meu corpo mal cheiroso

Foi feliz, morreu deleitoso

E partiu com a alma sorridente