(...)

Não olhes assim para mim.

Não é que me atrapalhes. Nada disso.

Apenas não gosto que olhes para mim assim.

Porque...porque...não tens nada a ver com isso.

Não estejas à espera que eu fale.

Não consigo falar quando olhas assim para mim.

Não é que me atrapalhes. Nada disso.

Apenas não me sinto confortável para seja lá o que for,

Quando olhas para mim assim.

Desconcentro-me. Perco as ideias que me vêm à mente

Fogem-me os pensamentos que me pesavam já na ponta da lingua

Escorregam-me para dentro da garganta todas as palavras

Quando olhas assim para mim.

Que mania que os teus olhos têm de querer se fixar nos meus.

Já disse que não te vou contar os meus segredos

E mesmo assim insistes em querer espreitá-los no meu olhar.

Se continuas a olhar assim para o meu nariz ele deixa de saber respirar.

Não é que fique atrapalhado. Nada disso.

Apenas fica confuso e perde o ritmo da respiração.

Importas-te de não olhar assim para a minha boca?

É que assim os labios esquecem-se de todas as suas funções

E só se lembram de saber sorrir.

Não olhes assim para mim.

Não é que me atrapalhes. Nada disso!

Apenas não gosto que olhes para mim assim.

Porque...porque...não tens nada a ver com isso!