SELECÇÃO DE POEMAS DE "À PORTA DE NÁRNIA" (1995)

Escorro do sofá para a mesa onde arrefece o almoço

e a minha face sintética fica no meio do caminho

a oscilar para cá e para lá, sabe que não vale a pena

alcançar o espelho

fui de viagem

as árvores inquietam-me em plena estrada e assim

disperso peças do meu corpo: os braços, o pescoço,

as axilas

os olhos

esses ficaram-me para trás, eternamente enterrados

nos campos de girassol