SELECÇÃO DE POEMAS DE "COBRA DE PAPEL" - 1997
TANGO
Devemos abrir os braços
à morte maliciosa, à morte
ambígua e medrosa, à morte indefinida
Devemos bailar com ela
afagar-lhe o rosto dúbio,
beijar-lhe a boca amarela
Um sereno compasso nos há-de dar sinal;
às primeiras notas,
pomo-nos de pé
Gingamos uns passos
com ar sorridente
e a mão na cintura
Como te chamas, ó morte? Já estás
comprometida?
Com a minha morte ou com a minha vida?