Na minha juventude envolvi-me com uma miúda de que gostava muito.

Não era amor porque nunca ou quase nunca amei ninguém. O amor quando amor provém duma paixão e as paixões dão sempre mau resultado.

Mas era uma miúda gira. Uma miúda cheia de vida e alegria. Alegria sim, mesmo nos seus momentos de tristeza.

A alegria que eu nunca tive. Sempre fui sisudo. Para meu mal e dos que me rodeavam.

Um dia, depois de estarmos envolvidos já há algum tempo, deitados na cama, propus-lhe algumas condições para o nosso casamento. Talvez tivesse feito asneira. Quando se quer casar talvez não devêssemos pôr quaisquer condições. 

Desatou a chorar e disse-me: - Eu não te mereço...

E não casou comigo... Algum tempo passado, talvez meses, já não me lembro, após o nosso divórcio, que nunca poderia ter acontecido, ficámos como bons amigos.

Hoje ainda penso na vivacidade dela, no seu charme, até na graça da sua leviandade, e ainda me pergunto se seria eu quem não a merecia.