Quando tinha 20 e tantos anos entrei numa loja de ferragens para comprar uns cabides que precisava de pôr na casa de banho.

Um miudito que me atendeu engraçou comigo e às escondidas do patrão deu-me uns de que eu estava a gostar muito mas que, na altura, eram um pouco caros para mim.

Fiquei revoltado e estive para chamar o patrão, mas a expressão de felicidade com que o moço, nos seus devaneios sexuais, de que, só depois de reflectir, me apercebi, me brindou num sorriso de êxtase, deixaram-me pregado ao chão.

Como já não faltava muito tempo, aguardei que a loja fechasse para, talvez numa de senhor muito moralista, esperar pelo rapazito e dar-lhe uma reprimenda.

Quando o vi sair fui ao seu encontro e a cara de felicidade estampada no seu rosto fez-me fugir  com medo, com terror, pois o meu líbido estava a puxar-me para caminhos errados.

Hoje respeito e compreendo as vidas de homossexuais que, para muitos, não parecem reais...