Em tempos não muito longínquos, na minha mocidade, em que ainda havia casas legais de prostituição, frequentei com vários amigos  uma delas.

Havia uma miúda, talvez um pouco mais nova que eu, que gostava muito de estar comigo. E eu com ela.

Um dia um dos meus amigos veio dizer-me que ela queria ficar comigo, como seu homem, e não tinha coragem para mo dizer.

Falei com ela e demovi-a da pretensão, pois não estava, na altura, na minha maneira de ser e pensar, ser chulo de ninguém. E eu bem precisava de arranjar um melhor quarto que os meus parcos ganhos não permitiam na altura...

Teve pena e continuámos a ser grandes amigos. Um dia deixei de a ver. Não sei se foi a melhor amiga que já alguma vez tive. Quando a perdi, como desejei tê-la feito feliz...

Mais tarde, pensando melhor, vi que a minha recusa tinha sido por medo, medo por não estar ainda preparado. Mal preparado talvez por uma moral cheia de preconceitos da época, pois, se tivesse aceitado, um dia casaria com ela. E os preconceitos falaram mais alto que o meu querer. E, desta maneira, não estava preparado para esse casamento...