Ainda muito pequenino quase sem ainda ver, ainda quase acabado de nascer, não sei qual malvado em Deus me fez crer.

Com a imagem que Dele tinha pensava que se ele me ouvia também a obrigação de me responder teria.

De quantas injustiças O acusei e lhe disse: Te odeio. Porque não se importava com o meu anseio?

Agora já velhinho depois de muito sofrer quase prestes a morrer lá consegui encontrá-Lo.

Que estúpido eu fui. Por toda a parte O procurei, por mil e um caminhos que a custo trilhei.

E quando já desistia, num buraco bem escuro, dei com Ele a meditar, bem dentro de mim.

Sorriu-me com um sorriso bendito que só por o ter visto já valia a pena tudo o que eu sofri.

Desde aí temos vindo a ter discussões terríveis  em situações incríveis.

Ele diz-me que eu terei de ser Ele quer queira quer não. Mas eu digo-Lhe que não, que nunca O serei, pois se O fosse seria só para sofrer.

E eu não sou masoquista ou penso não o ser, embora o gozar não me interesse nada. Mas o sofrer já não me afecta. 

Acho que Ele foi a Pessoa que mais sofreu até hoje. Só por isso O admiro.

E eu não quero ser Ele. Não que não fosse capaz. Ele diz que eu sou sagaz. Mas não quero e pronto.

Já falei com o Diabo e quis dar-lhe a minha alma. Riu-se de mim o safado. E não a quer.

Diz-me que já tem muitas como a minha. E que gozará muito mais fazendo-me sofrer. E não me deixando entrar no Inferno onde eu ficaria muito quentinho.

Triste sina a minha ter de ser Deus quer queira quer não.

Será que alguém nesta Terra, Terra de gente maldita onde eu vim parar, quererá tomar, que eu até agradecia, o meu lugar?


Maio 2001       (Em aperfeiçoamento)