SELECÇÃO DE POEMAS DE "À PORTA DE NÁRNIA" (1995)
EM LISBOA OU NOUTRA CIDADE
Os prédios alheiam-se de tudo; há um olhar
que não consegue olhar para os azulejos art nouveau,
o ferro-forjado, as sardinheiras vermelhas e
sedentas, nada de límpidos
gerânios europeus
nem os pés vagueiam pela calçada ao fim da tarde;
é um tropel corrosivo, anfetamínico,
de gente que escurece;
mesmo as pedras do passeio,
se desenham doces desenhos de
espirais,
ficam ausentes de tudo,
impessoais
nada há que auxilie os olhos